O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, minimizou a possibilidade de clubes brasileiros boicotarem a realização da Copa Libertadores em razão dos constantes casos de racismo nas competições sul-americanas, usando uma analogia envolvendo macaco. Diante da repercussão negativa, se desculpou nesta terça-feira, 18.
Questionado sobre como seria uma Libertadores sem os clubes brasileiros, Domínguez exclamou: “Isso seria como Tarzan sem Chita. Impossível”. Chita (Cheetah, na versão original) era o chimpanzé fêmea de Tarzan e Jane na icônica série de TV americana dos anos 1960.
A fala se deu junto a jornalistas de outros países, logo após o sorteio da fase de grupos da Libertadores, realizada ontem, em Luque, no Paraguai. A pergunta foi motivada pela recente fala da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que sugeriu que os clubes brasileiros se filiassem a Concacaf (confederação das Américas do Norte e Central).
Leila sugeriu o protesto em resposta à punição branda ao Cerro Porteño pelo caso de racismo contra o palmeirense Luighi, na Libertadores sub-20, no último dia 6. Na ocasião, a Conmebol puniu o clube paraguaio com portões fechados durante a competição de juniores e com uma multa no valor de 50.000 dólares (cerca de R$ 288.000 na cotação atual).
À PLACAR, dirigentes ligados à Libra (grupo do qual fazem parte Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Grêmio, Santos, Atlético-MG. Bahia,. Vitória e Red Bull Bragantino) disseram estar reunidos para organizar uma resposta a Domínguez.
Nos últimos anos, os gestos racistas de imitar macacos tem sido cada vez mais frequentes nas competições da Conmebol.
Alejandro Domínguez se manifestou, em nota oficial, e pediu desculpas. O presidente da Conmebol afirmou que usou uma “frase popular” e não teve má fé.
“Em relação às minhas recentes declarações, quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A Conmebol Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos 10 países membros.
Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a CONMEBOL. Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando por um futebol mais justo, unido e livre de descriminação.”
,Durante o sorteio da Liberradores e da Sul-Americana, Domínguez fez um discurso em português no qual prometeu maior rigor contra os atos racistas nos estádios.
“A Conmebol é sensível a essa realidade. Como pode não ser (sensível) à dor do Luighi? Nosso desafio é sermos justos com aqueles que são responsáveis por esses atos. A Conmebol aplica sanções e faz tudo o que está a seu alcance para mudar essa realidade. Mas isso não é suficiente. O racismo é um flagelo que não tem origem no futebol, tem origem na sociedade, mas afeta o futebol”, discursou.
O programa Opinião PLACAR debateu amplamente o caso nesta terça-feira, 18.
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