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Novo Governo Sírio promove genocídio étnico de civis ligados a Al-Assad

Os alauítas são uma minoria xiita que apoiava o ditador Bashar al-Assad, deposto em dezembro. O grupo que assumiu o poder é sunita e é acusado de promover uma 'limpeza étnica sistemática', segundo a Federação de Alauítas na Europa

09/03/2025 às 08h13
Por: Luan Dutra Fonte: Jornal Nacional
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Organizações denunciam massacre contra alauítas na Síria por forças do governo — Foto: Reprodução/Jornal Nacional
Organizações denunciam massacre contra alauítas na Síria por forças do governo — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

Organizações de direitos humanos estão denunciando o assassinato de centenas de civis da minoria alauíta pelas forças de segurança do novo governo da Síria. A Federação de Alauítas na Europa diz que há “limpeza étnica sistemática” na região.

Os confrontos começaram na quinta-feira (6). Segundo o governo sírio, o Exército fazia uma operação na região de Latakia, quando teria sido atacado.

Ainda segundo o governo sírio, a ofensiva seria um levante de forças ligadas ao antigo regime do ditador Bashar al-Assad. Dezesseis militares morreram.

O governo afirma que respondeu com o envio maciço de tropas.

Os alauítas negam essa versão do governo, dizendo que têm sido alvo de perseguição dos sunitas radicais que tomaram o poder em dezembro passado e que são vistos por esses radicais como "hereges".

Segundo moradores ouvidos de forma anônima pela agência de notícias Associated Press, civis alauítas têm sido executados, e as casas, saqueadas e incendiadas pelas forças do governo.

Ali Sheha, um morador de 57 anos, falou abertamente sobre o agravamento da situação e contou que fugiu da região na sexta-feira (7) com a família. Ele relatou que mais de 20 vizinhos e amigos foram assassinados. "Foi muito ruim", diz ele. "Havia corpos pelas ruas".

Imagens obtidas pela agência Reuters mostram dezenas de corpos jogados na rua em Latakia.

O Observatório de Direitos Humanos da Síria diz que mais de 1.000 pessoas já morreram desde quinta-feira (6), entre elas mais de 750 civis.

A Síria é majoritariamente sunita, mas foi governado por cinco décadas pela família Assad, que segue a linha alauíta.

Bashar al-Assad ficou no poder por 24 anos até ser deposto por integrantes do HTS, um dos grupos que lutavam na longa guerra civil do país.

Na sexta, o ex-comandante do HTS e hoje presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, disse: "Vamos continuar a perseguir os remanescentes do regime que querem continuar a opressão e tirania, aqueles que cometeram crimes contra a população e amaçam a segurança e a paz. Eles serão submetidos a julgamento".

A escalada dos confrontos preocupa a comunidade internacional. A Rússia e a Turquia alertaram que a troca de agressões ameaça a estabilidade de toda a região. A Alemanha pediu que os dois lados evitem uma espiral de violência.

Em nota, o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Geir Pederson, disse que está extremamente preocupado com os combates e fez um apelo: "Peço que todas as partes evitem ações que possam inflamar as tensões, escalar o conflito, exacerbar o sofrimento das comunidades atingidas, desestabilizar a Síria e a transição política confiável e inclusiva".

A federação de Alauítas na Europa também se manifestou por meio de uma carta.

"Atualmente, a Síria passa por uma limpeza étnica sistemática, mas o mundo permanece em silêncio. Não se trata mais de uma guerra civil - trata-se do extermínio deliberado de uma minoria religiosa. Hoje, a história está se repetindo, desta vez contra os alauítas".

A carta afirmou ainda que os massacres contra os alauitas estão documentados, existem imagens, relatos de testemunhas e evidências, e o mundo não pode dizer que não sabia. Diz ainda que os alauitas não são Bashar al-Assad, não são uma facção armada, são uma comunidade religiosa ancestral que busca viver em paz. O mundo ainda tem uma chance. É preciso agir agora, antes que seja tarde demais.

A instabilidade na Síria é uma péssima notícia para o governo de Donald Trump, que tenta mediar diálogos para acabar com duas guerras que já estavam em curso quando ele chegou à Casa Branca: o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, e entre a Rússia e a Ucrânia. Além disso, mais uma guerra no Oriente Médio pode desestabilizar ainda mais a região.

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